Mudança do regulamento na Copa do Rei para a temporada 2019/20 (jogos únicos em todas as fases, exceto na semifinal) trouxe mais emoção e uma das coisas que os torcedores mais gostam em mata-matas: as zebras...
Nem o apostador mais otimista poderia imaginar que nas semifinais desta temporada não figurariam Barcelona, Real Madrid, Atlético e nem o atual campeão Valencia. Se no Campeonato Espanhol os dois gigantes seguem na ponta - e a passos largos para brigar entre si pela taça -, na Copa é bem diferente. A Assembleia Geral Extraordinária da Federação Espanhola aprovou, em 2019, o aumento de 83 para 116 participantes na Copa e a mudança no formato. Além de oportunizar mais equipes, a medida favoreceu as “zebras”. Barcelona e Real caíram nas quartas, eliminados, respectivamente, pelos rivais e finalistas Real Sociedad e Athletic Bilbao, este último que é o segundo maior vencedor da competição, mas não levanta a taça há 37 anos.
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Athletic Bilbao e Real Sociedad farão o clássico do País Basco na final da Copa do Rei. Foto: LaLiga |
Poderia citar pontos positivos dos ótimos times que vão contar a parte final da história dessa Copa do Rei, mas o foco é o regulamento. Da fase preliminar até as quartas, a disputa dá-se em jogo único, sendo que em caso de empate nos 90 minutos, têm-se prorrogação e depois pênaltis, além de não ter o gol fora de casa como critério de desempate. Por que não é assim no Brasil? Em um país continental, a Copa deveria ter, no mínimo, 500 clubes, além de corrigir algumas injustiças na competição autodenominada a mais democrática do Brasil. É surreal que um time de menor investimento seja obrigado a ganhar o jogo enquanto aquela equipe com mais recursos consegue a classificação com um empate.
Uma mudança poderia evitar eliminações afrontosas como a do Caxias, neste ano, diante do Botafogo. Na Espanha, 16 dos 20 times da elite entraram logo na 2ª rodada, enquanto Barcelona, Real, Atlético e Valencia na fase seguinte, a 1/16 avos. Aqui, as equipes da Libertadores, além de outros campeões, entram nas oitavas e têm um caminho curtíssimo até o título. Isso torna desleal a disputa com times como Sampaio Corrêa, Juventude e Botafogo-PB, que passaram diante de quatro fases nos últimos anos e já sabiam que cruzariam com uma equipe da Série A nas oitavas. Para que haja outros Santo Andrés, a Copa do Brasil precisa ser revista urgentemente.
R.F.